Itaipu inaugura planta inédita de produção de biogás
A Itaipu Binacional inaugurou, nesta sexta-feira (2), uma unidade de demonstração de biogás e biometano. A planta é a primeira do Brasil que utiliza como matéria-prima uma mistura de esgoto, restos orgânicos de restaurantes e poda de grama. O que é inovador, visto que normalmente a produção de biogás em território nacional é feita apenas com dejetos de animais.
Por mês, a planta de biometano vai utilizar aproximadamente 10 toneladas de restos de comida e de resíduos orgânicos, além de 30 toneladas de poda de grama. O modelo passará por 20 meses de teste e poderá ser replicado em todo o País com grandes vantagens ambientais e econômicas.
A estimativa de produção é de 4.000 m³ de biometano por mês, quantidade suficiente para atender uma frota de 80 veículos, considerando um consumo médio de 800 km por veículo ao mês. Atualmente, já são quase 70 veículos da frota de Itaipu abastecidos com biometano. Outro subproduto do processo é o biofertilizante que será aplicado em mais de 200 hectares de áreas verdes da empresa.
De acordo com o diretor presidente do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), Rodrigo Regis de Almeida Galvão, o empreendimento deve quebrar paradigmas pelo seu alto grau de inovação:
“O que no início era uma intuição se materializou. Hoje, o que estamos vendo naqueles balões é o gás gerado de grama, o gás gerado de resíduos de comida do Parque (Tecnológico Itaipu), o gás gerado do esgoto, e com isso purificando esse gás e fazendo os carros moverem com um combustível de confiança, com qualidade e que atende às exigências da Resolução Nacional de Petróleo e Gás Combustível. Estamos dando mais um passo trabalhando com sustentabilidade. Do mesmo jeito que a própria usina (de Itaipu) quebrou paradigmas no passado, essa usina menor também vai quebrar paradigmas, porque o que está construído tem e pode ser usado nas demais partes do Brasil e do mundo. Podemos utilizar isso nas prefeituras, no saneamento básico, no agronegócio… Onde tiver resíduos orgânicos a gente pode usar essa tecnologia com alto rendimento. Por meio de uma parceria com a Eletrobras, estamos trabalhando uma planta mista, com a geração de energia solar fotovoltaica e essa planta está sendo monitorada e controlada remotamente por um software. Não só a parte do biogás, mas também a parte solar, que juntos dá as condições para aumentarmos a eficiência dos nossos sistemas”.
Galvão também ressalta a tecnologia nacional utilizada durante todo o desenvolvimento da iniciativa, o que pode servir como exemplo para replicação em outros locais:
“Quando começamos a desenvolver essa tecnologia, pensamos inicialmente em fazer a compra de equipamentos internacionais. O custo era elevadíssimo e não tínhamos recurso para isso. Voltamos para a nossa engenharia para fazer com o que temos. Aí com a nossa equipe comprometida conseguimos desenvolver essa tecnologia nacional, com o custo três vezes menor. Com toda a tecnologia nacional adaptada para a realidade brasileira, que agora tem condição de ser escalabilizada. Além da economia, que vai ser superior a 40% comparada à gasolina (o custo para Itaipu do combustível vai ser muito baixo), damos um exemplo para as cooperativas, que podem, por exemplo, usar biometano em suas frotas. Então começamos a mostrar para o meio rural, para as empresas de saneamento, para as prefeituras, que 'essa poda de árvore tem valor energético'. Isso não é lixo.”
A planta representa um passo importante da Itaipu na busca pelo desenvolvimento sustentável, tema que integra a missão da binacional, conforme lembrou o chefe da Assessoria de Energias Renováveis da usina, Paulo Afonso Schmidt:
“Itaipu assumiu o compromisso, já há alguns anos, de produzir tecnologia e realmente conseguir dar ao biogás uma dimensão exequível dentro dos vários projetos em que está envolvida. Houve o desenvolvimento do CIBiogás como uma unidade técnica de referência, o Centro Internacional de Hidroinformática (CIH) e o próprio Parque Tecnológico Itaipu (PTI) que nos ajuda muito. Com isso, Itaipu dá um grande exemplo na redução da sua pegada ecológica, no seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, com a renovação dos recursos do planeta e, acima de tudo, quando olhamos a região que nós estamos inseridos, o oeste paranaense, que é uma região extremamente ativa em relação à produção proteína animal, nos permite imaginar que temos uma alternativa viável para que essa contaminação, que seria advinda do descarte de resíduos, possa ser transformada numa fonte de energia, e do ponto-de-vista do produtor rural, uma fonte de renda importante para o seu sustento e para o seu desenvolvimento.”
O suinocultor José Carlos Colombari, de São Miguel do Iguaçu, é prova viva das vantagens econômicas e ambientais proporcionadas pelo uso do biogás. A granja de Colombari conta com cinco mil suínos, produzindo cerca de 45 m³ por dia de efluentes líquidos, que são direcionados a dois biodigestores de lagoa coberta. O plantel atual possibilita a produção diária de 750 m³ de biogás.
“Começou em 2005, 2006, a nossa preocupação em dar um destino correto ao dejeto produzido pela suinocultura, porque a suinocultura é uma gerada de passivo ambiental. Após a implantação do biodigestor, surgiram as oportunidades de transformar o biogás em energia elétrica, e o sub-produto, após o tratamento desse efluente, o biofertilizante, que utilizamos em áreas de pastagem. Então aquilo que era preocupação depois da implantação dos biodigestores, se tornou oportunidade de negócios, com a produção de energia para consumo próprio e vendemos, durante três anos, essa energia para a Copel. Então eu fui o primeiro produtor, em escala menor de produção de energia, a vender energia a uma companhia, neste caso a Copel. Hoje não vendemos mais energia elétrica. Produzimos apenas para o nosso consumo, mas mesmo assim transmitimos para a rede o nosso excedente, que fica para compensação quando o moto-gerador não está em funcionamento. Então, praticamente, a minha conta de energia se tornou zero hoje. O nosso custo de produção fica em torno de R$0,04 o kilowatt gerado. Uma economia significativa em torno de R$ 5 mil a R$ 8 mil mensais. Então, hoje temos uma escala na propriedade que o ciclo se fecha. Sai da agricultura, através da proteína vegetal, que a transformamos em proteína animal através da suinocultura e da pecuária de corte, e novamente retorna ao solo através do biofertilizante. Então, hoje o ciclo se fecha lá na propriedade.”
O custo total de implantação do projeto é de R$ 2,160 milhões – o que inclui gastos com pesquisa e desenvolvimento tecnológico por se tratar de um projeto inovador no país. O monitoramento desses resultados vai permitir a replicação em novos projetos com a tecnologia desenvolvida, que é adequada às condições específicas e necessidades do Brasil. Com a consolidação deste modelo de negócios, a replicação terá um custo mais baixo. Ao final do processo experimental, o custo mensal de operação da unidade será por volta de R$ 30 mil.
Fonte: Web Rádio Água
Por mês, a planta de biometano vai utilizar aproximadamente 10 toneladas de restos de comida e de resíduos orgânicos, além de 30 toneladas de poda de grama. O modelo passará por 20 meses de teste e poderá ser replicado em todo o País com grandes vantagens ambientais e econômicas.
A estimativa de produção é de 4.000 m³ de biometano por mês, quantidade suficiente para atender uma frota de 80 veículos, considerando um consumo médio de 800 km por veículo ao mês. Atualmente, já são quase 70 veículos da frota de Itaipu abastecidos com biometano. Outro subproduto do processo é o biofertilizante que será aplicado em mais de 200 hectares de áreas verdes da empresa.
De acordo com o diretor presidente do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), Rodrigo Regis de Almeida Galvão, o empreendimento deve quebrar paradigmas pelo seu alto grau de inovação:
“O que no início era uma intuição se materializou. Hoje, o que estamos vendo naqueles balões é o gás gerado de grama, o gás gerado de resíduos de comida do Parque (Tecnológico Itaipu), o gás gerado do esgoto, e com isso purificando esse gás e fazendo os carros moverem com um combustível de confiança, com qualidade e que atende às exigências da Resolução Nacional de Petróleo e Gás Combustível. Estamos dando mais um passo trabalhando com sustentabilidade. Do mesmo jeito que a própria usina (de Itaipu) quebrou paradigmas no passado, essa usina menor também vai quebrar paradigmas, porque o que está construído tem e pode ser usado nas demais partes do Brasil e do mundo. Podemos utilizar isso nas prefeituras, no saneamento básico, no agronegócio… Onde tiver resíduos orgânicos a gente pode usar essa tecnologia com alto rendimento. Por meio de uma parceria com a Eletrobras, estamos trabalhando uma planta mista, com a geração de energia solar fotovoltaica e essa planta está sendo monitorada e controlada remotamente por um software. Não só a parte do biogás, mas também a parte solar, que juntos dá as condições para aumentarmos a eficiência dos nossos sistemas”.
Galvão também ressalta a tecnologia nacional utilizada durante todo o desenvolvimento da iniciativa, o que pode servir como exemplo para replicação em outros locais:
“Quando começamos a desenvolver essa tecnologia, pensamos inicialmente em fazer a compra de equipamentos internacionais. O custo era elevadíssimo e não tínhamos recurso para isso. Voltamos para a nossa engenharia para fazer com o que temos. Aí com a nossa equipe comprometida conseguimos desenvolver essa tecnologia nacional, com o custo três vezes menor. Com toda a tecnologia nacional adaptada para a realidade brasileira, que agora tem condição de ser escalabilizada. Além da economia, que vai ser superior a 40% comparada à gasolina (o custo para Itaipu do combustível vai ser muito baixo), damos um exemplo para as cooperativas, que podem, por exemplo, usar biometano em suas frotas. Então começamos a mostrar para o meio rural, para as empresas de saneamento, para as prefeituras, que 'essa poda de árvore tem valor energético'. Isso não é lixo.”
A planta representa um passo importante da Itaipu na busca pelo desenvolvimento sustentável, tema que integra a missão da binacional, conforme lembrou o chefe da Assessoria de Energias Renováveis da usina, Paulo Afonso Schmidt:
“Itaipu assumiu o compromisso, já há alguns anos, de produzir tecnologia e realmente conseguir dar ao biogás uma dimensão exequível dentro dos vários projetos em que está envolvida. Houve o desenvolvimento do CIBiogás como uma unidade técnica de referência, o Centro Internacional de Hidroinformática (CIH) e o próprio Parque Tecnológico Itaipu (PTI) que nos ajuda muito. Com isso, Itaipu dá um grande exemplo na redução da sua pegada ecológica, no seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, com a renovação dos recursos do planeta e, acima de tudo, quando olhamos a região que nós estamos inseridos, o oeste paranaense, que é uma região extremamente ativa em relação à produção proteína animal, nos permite imaginar que temos uma alternativa viável para que essa contaminação, que seria advinda do descarte de resíduos, possa ser transformada numa fonte de energia, e do ponto-de-vista do produtor rural, uma fonte de renda importante para o seu sustento e para o seu desenvolvimento.”
O suinocultor José Carlos Colombari, de São Miguel do Iguaçu, é prova viva das vantagens econômicas e ambientais proporcionadas pelo uso do biogás. A granja de Colombari conta com cinco mil suínos, produzindo cerca de 45 m³ por dia de efluentes líquidos, que são direcionados a dois biodigestores de lagoa coberta. O plantel atual possibilita a produção diária de 750 m³ de biogás.
“Começou em 2005, 2006, a nossa preocupação em dar um destino correto ao dejeto produzido pela suinocultura, porque a suinocultura é uma gerada de passivo ambiental. Após a implantação do biodigestor, surgiram as oportunidades de transformar o biogás em energia elétrica, e o sub-produto, após o tratamento desse efluente, o biofertilizante, que utilizamos em áreas de pastagem. Então aquilo que era preocupação depois da implantação dos biodigestores, se tornou oportunidade de negócios, com a produção de energia para consumo próprio e vendemos, durante três anos, essa energia para a Copel. Então eu fui o primeiro produtor, em escala menor de produção de energia, a vender energia a uma companhia, neste caso a Copel. Hoje não vendemos mais energia elétrica. Produzimos apenas para o nosso consumo, mas mesmo assim transmitimos para a rede o nosso excedente, que fica para compensação quando o moto-gerador não está em funcionamento. Então, praticamente, a minha conta de energia se tornou zero hoje. O nosso custo de produção fica em torno de R$0,04 o kilowatt gerado. Uma economia significativa em torno de R$ 5 mil a R$ 8 mil mensais. Então, hoje temos uma escala na propriedade que o ciclo se fecha. Sai da agricultura, através da proteína vegetal, que a transformamos em proteína animal através da suinocultura e da pecuária de corte, e novamente retorna ao solo através do biofertilizante. Então, hoje o ciclo se fecha lá na propriedade.”
O custo total de implantação do projeto é de R$ 2,160 milhões – o que inclui gastos com pesquisa e desenvolvimento tecnológico por se tratar de um projeto inovador no país. O monitoramento desses resultados vai permitir a replicação em novos projetos com a tecnologia desenvolvida, que é adequada às condições específicas e necessidades do Brasil. Com a consolidação deste modelo de negócios, a replicação terá um custo mais baixo. Ao final do processo experimental, o custo mensal de operação da unidade será por volta de R$ 30 mil.
Fonte: Web Rádio Água
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