Um mega-evento ocorrido na tarde da última quinta-feira, 13, representou uma das maiores e mais significante conquista realizada até hoje pela Cooperativa Frimesa, em Medianeira. Mais de três mil pessoas entre colaboradores, empresários e autoridades do município e região estiveram presentes na inauguração da nova indústria de carnes –formada pelo abatedouro, uma indústria de processamento de derivados de carne suína e uma central de distribuição.
O evento, que comemorou também os 30 anos da indústria, foi realizado nas dependências da Frimesa, em uma estrutura de 2,4 mil metros quadrados com capacidade para 2300 pessoas sentadas –especialmente montada para receber os convidados. A comemoração contou com a apresentação da Orquestra Paranaense de Viola Caipira, seguida da exibição de um vídeo relembrando as três décadas de história da Cooperativa, além da inauguração oficial, comandada pelo pronunciamento dos dirigentes. Por fim, o evento ofereceu um coquetel aos mais de três mil convidados.
Sobre a conquista, construída por meio da necessidade de evolução, superação de obstáculos, e também, por determinação, o presidente, Valter Vanzella, comentou: “é uma história que temos orgulho de falar. Vivemos em um país bastante instável, o que já acarretou períodos satisfatórios e insatisfatórios para a empresa. Porém, hoje, quando completamos 30 anos, nossa história nos dá satisfação. Nossos produtos são reconhecidos no mercado, e a conclusão desta obra trará reflexos bastante positivos para a região”.
A inauguração da indústria de carnes Frimesa possibilitará, até 2012, o abate de seis mil suínos dia, número três vezes maior que a atual capacidade. As novas instalações compreendem um espaço de 22,8 mil metros quadrados, quase o dobro da área anterior. O investimento dedicado às obras soma exatos R$ 52,6 milhões, sendo parte dos recursos financiados pelo BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul.
De acordo com diretor-executivo da cooperativa, Elias Zydek, a estrutura será finalizada na íntegra em março de 2008. Vestiários, lavanderia, a parte de recepção dos animais –já em uso há 80 dias– expedição, além do setor de resfriamento de carcaças já estão prontos. A parte de congelamento também já está concluída, porém ainda não em uso. O departamento de desossa e estocagem estão em fase final de montagem, e até fim de fevereiro devem ser concluídos. Por fim, o setor de industrialização está em constante atualização, a fim de aumentar a capacidade de produção ao longo da ampliação da demanda.
Ainda segundo Zydek, a tecnologia européia empregada na construção das máquinas e equipamentos é capaz de atender aos mais diferentes níveis internacionais de exigência, o que significa estar de acordo com um dos principais objetivos da indústria: a conquista do mercado internacional.
Conforme o entrevistado, a crescente demanda pela carne suína no Brasil e no mundo anda lado a lado com o projeto idealizado pela Frimesa, em 2004, quando se decidiu pela ampliação da mesma. Até 2012, cerca de 30% da produção deverá ter o mercado externo como destino. “Acredito que acertamos nesse novo projeto, nessa oportunidade. Todo produtor tem sua programação de investimentos e saberemos quando vamos abater, então com isso conseguimos estabelecer as nossas parcerias, especialmente com o comércio internacional. Além disso, acreditamos no mercado interno que cresce em termos de produto”, disse Zydek. Atualmente, a Frimesa conta com 14 mil pontos de venda ativos.
PANORAMA
Em entrevista coletiva, o diretor-presidente da Frimesa, Valter Vanzella, comenta a atual situação do mercado suinocultor, aponta as metas da indústria a longo prazo, e analisa a nova conquista. A seguir, em tópicos, os temas abordados:
MATÉRIA-PRIMA
“As novas instalações são fruto de um projeto integrado; nasce lá no produtor rural, que é a razão da nossa existência”, avaliou o diretor-presidente da Frimesa, Valter Vanzella, sobre a consolidação da indústria de carnes. Nesse sentido, para suprir a demanda, o projeto de ampliação de matéria-prima já iniciou e crescerá gradativamente, dentro de um cronograma. “Hoje, são mais de dois mil abates dia, que algumas cooperativas farão através das UPLs (Unidade Produtora de Leitões) e outras estão fazendo através da terceirização do trabalho junto ao produtor. A conclusão das instalações se dará na medida em que tivermos matéria-prima para o abate”.
PRODUTORES INDEPENDENTES
“As cooperativas nasceram de uma reunião de produtores que visavam atender às suas necessidades”. No entanto, o setor suinícola ainda conta com a presença de produtores independentes, o que, na opinião do presidente, não condiz com o futuro da suinocultura. “A atividade independente é um jogo de risco. No passado, esse tipo de produtor predominava, e sempre ouvimos reivindicações para que o produtor tivesse uma estabilidade, uma renda mais constante. O sistema de integração veio justamente para atender a esse aspecto. Não há tendência de crescimento dos independentes, existe sim, uma tendência de crescimento das parcerias. Até porque, as indústrias não podem ficar a mercê do jogo do produtor independente. O mundo caminha para as parcerias, onde se ocupam as capacidades instaladas, se diluem custos”, ponderou Vanzella.
SELEÇÃO NATURAL
Tomando como exemplo a teoria da evolução do naturalista inglês Charles Darwin, a qual prevê a seleção natural das espécies segundo aptidões mais bem desenvolvidas, Vanzella compara o futuro da suinocultura. “O Brasil produz carne suína a um dos menores custos do mundo. Sabemos que o mercado internacional nos impõe barreiras sanitárias e comerciais. No entanto, é um trabalho que deve ser feito continuamente, em busca de espaço. Com o auxílio do crescimento do consumo de carne suína, os que tiverem mais competência, que tiverem capacidade de fazer da melhor forma possível, a um menor custo, com produto de melhor qualidade, terá mais espaço. A seleção será natural. As coisas evoluem, há os que ficam pelo meio do caminho, e nós não seremos aqueles que vamos ficar pelo caminho”.
CRESCIMENTO ECONÔMICO
Sobre a importância da Cooperativa para a economia de Medianeira e região, Vanzella acredita que o desenvolvimento deu-se, em grande parte, pela presença do setor cooperativista. “Não apenas a Frimesa, mas o cooperativismo num todo, aqui no Oeste do Paraná, tem uma participação extremamente importante no desenvolvimento desta região. Os projetos agroindustriais das cooperativas têm dado uma sustentação com renda, com uma série de vantagens para o pequeno produtor se manter na propriedade, como também desenvolveu sobre maneira as cidades. Ela tem tido um grande desempenho grande, muita coisa cresceu e se desenvolveu em torno dela”.
FISCALIZAÇÃO SANITÁRIA
O assunto também foi frisado pelo diretor-presidente, que destacou a necessidade de um investimento do Governo Estadual e Federal na questão da sanidade animal, a fim de que a indústria esteja cada vez mais apta a conquistar o mercado estrangeiro. O episódio envolvendo a febre aftosa ocorrido recentemente acarretou prejuízos incalculáveis, disse o entrevistado. “O aspecto de sanidade tem sido muito reivindicado. Porém, não podemos imaginar que as situações serão resolvidas de uma hora pra outra. Se fizermos uma análise ao longo do tempo, existiu uma evolução muito significativa. Deve haver uma persistência constante e um foco em que queremos. Se visamos ao mercado internacional, obviamente teremos que resolver os problemas sanitários”, finalizou o diretor-presidente.
ONDE A FRIMESA PRETENDE CHEGAR
2007 2012
Produção (média) 2 mil cabeças dia 6 mil cabeças dia
Industrialização 300 toneladas 500 toneladas
Colaboradores diretos 1550 3870
Matrizes em produção 30 mil 70 mil
Heloísa Costa Pereira
Da Redação
Fonte: S/ Fonte