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04 de julho de 2017
Aristides Calçados
Opção barata para quem sai de casa para estudar

Opção barata para quem sai de casa para estudar

Morar em pensão ou república é uma opção barata para alunos que precisam mudar de cidade para cursar uma faculdade. Tanto em um, como em outro, a regra básica é boa convivência, e para isso o respeito entre os moradores é fundamental.



Vindos de diferentes cidades e estados, com manias e pensamentos distintos, jovens que passam a morar juntos acabam aprendendo lições importantes para a vida, como conviver com as diferenças, dividir tarefas e responsabilidades.



Em pensões, casas onde uma ‘maezonha’ acolhe os estudantes, a única preocupação dos alunos é com o estudo. Recebem roupa e calçados lavados, comida pronta e casa limpa, porém as regras são um pouco rígidas. Bebidas alcoólicas e cigarros são proibidos. O silêncio a noite é obrigatório. Os pensionistas devem manter a casa em ordem, principalmente o quarto. “Nos serviços a obrigação deles é só limpar os quartos, mas sempre acabo dando uma mãozinha”, conta proprietária de pensão, Iloni Teresinha François.



Em algumas, como na pensão da Iloni, trazer namorada na casa também não é permitido. “Pode no máximo trazer para tomar tererê e comer pipoca no pátio da casa”, brinca Iloni. “Eles são jovens, é preciso se habituar aos costumes deles. Mas entendem a minha colocação. Tenho um carinho e trato eles como filhos e eles me respeitam da mesma forma”, conta.



Os estudantes não consideram uma desvantagem o fato precisar respeitar essas regras. “Vamos fazer festa, namorar e beber na casa dos amigos, ou barzinhos. Assim não incomoda quem está na pensão”, diz o estudante de eletromecânica, Natan Roesler, de Marechal Cândido Rondon.



A maioria, não troca pensão por repúblicas. “Na pensão é sossegado morar, sobra mais tempo para estudar, diferente de república que é preciso se preocupar com o estudo e se virar dentro de casa. Aqui não precisamos pensar no almoço, lavar roupa ou limpar casa”, diz o estudante de engenharia de produção Michel Peiter, de Santa Helena.

Segundo os estudantes, a vantagem de morar em república é o preço.



“Não tem o mesmo conforto, mas é mais barato morar em república”, avalia Natan. Enquanto nas pensões o preço mensal fica na média de um salário mínimo, nas repúblicas é necessário metade disso. Em torno R$ 250 mensais cada aluno para manter a casa.



“Na república tem serviço, mas em compensação tem mais liberdade e ganhamos mais responsabilidades”, analisa o estudante de Engenharia de Produção Lucas Martelo, de São Miguel do Iguaçu. Lucas que já morou em pensão, diz que não trocaria a república pelo conforto da pensão.



“Morando sozinhos aprendemos a nos virar. Pensão sempre é um cubículo, casa tem mais espaço e é nossa, nos sentimos mais a vontade”, diz.



Ele mora na República “Os Netos do Velho” (Velho Barreiro), dividindo a casa com três moradores também de São Miguel do Iguaçu. Para manter a casa em ordem, eles montaram um cronograma, com lista de serviços e um responsável diferente cada dia. “Assim todo mundo ajuda um pouco. Até hoje não deu briga por causa do serviço”, diz Lucas.



Muitos dos estudantes moram em cidades próximas a Medianeira, e ainda assim saem de casa para estudar. “Por ter aulas em período integral, se torna menos cansativo ficar em Medianeira do que ir embora todos os dias. Morando aqui não perde tempo andando de ônibus. Tem mais acesso a faculdade. A hora que quiser fazer alguma pesquisa ou conversar com os professores é só atravessar a rua”, compara o estudante de Engenharia de Produção André Finkler, de São Miguel do Iguaçu.



“Tem também a história de sair da aba dos pais. Logo vamos trabalhar e certamente morar longe de casa. Na vida tem que dar a cara pra bater, e morar sozinho é uma experiência e tanto”, diz André que confessa sentir falta da casa dos pais.


CASA DOS ESTUDANTES

A Casa do Estudante Medianeira existe há 19 anos na cidade. Fundada por Seu Lotário e Dona Neide Fischborn, que perceberam a importância de um lugar familiar para acolher os estudantes depois que seus filhos foram morar fora de casa para estudar.



A casa oferece o café da manhã. As demais refeições, assim como limpeza do quarto e lavar roupas e calçados, é por conta do pensionista. Hoje 23 pessoas moram na casa que tem lugar para mais de 40.



“A única regra é a boa convivência”, diz o proprietário Lotário Fischborn. Claro que por ser abrigo de estudantes, e estarem sob a responsabilidade do casal, eles não admitem bebidas alcoólicas na casa. Seu Lotário conta que a maior dificuldade na casa é manter a disciplina entre os grupos. “Os que moram a mais tempo as vezes pensam que podem mandar nos novos moradores”, diz.



A casa dos estudantes, assim como as pensões tem no máximo dois estudantes por quarto, isso é importante para que o morador tenha privacidade. Mas a maioria prefere ficar sozinho, é o caso da matogrossense Daiane Zanella que mora na casa há três anos. “O quarto individual é meu, posso deixar as coisas onde quero, tenho a minha liberdade e privacidade respeitada”, diz a estudante de Educação Física. “O conforto que eu tenho aqui não encontraria em outro lugar. Aqui é seguro, limpo e organizado. Dona Neide e Lotário me cuidam. Tudo que eu preciso posso contar com eles”, elogia.



Estudantes fazem girar economia na cidade

O acolhimento de novos moradores, mesmo que por pouco tempo, têm reflexos na economia da cidade. As maiores beneficiadas são as cidades cede de universidades estaduais ou federais e que recebem alunos de outras cidades e estados.



É o caso de Medianeira. “Na cidade a procura por moradia para estudantes tem aumentado a cada ano e tende a crescer ainda mais pelo lançamento de cursos em período integral nas faculdades”, diz o proprietário da imobiliária Espaço 3,  José Roberto Mazzarella.



Durante o período que permanecem na cidade, em média quatro anos, os estudantes aumentam o fluxo de movimento no comércio e mesmo que para muitos a mesada seja apertada, gastos com alimentação, vestuários e moradia são indispensáveis. “O recebimento de estudantes de outras cidade só tem a agregar na economia do município”, diz a gerente da imobiliária Pavan, Mônica Pavan.



De acordo com Mônica, dos 200 imóveis locados hoje na cidade, 30% são de estudantes e 5% de professores.

Fonte: S/ Fonte

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